Assalto ao trem pagador completa 50 anos
Ronald Biggs em 20 de março em Londres (Foto: Andrew
Cowie/AFP)
Considerado o 'roubo do século XX' um dos autores, Ronald Biggs, morou no Brasil. O assalto ao trem pagador na Inglaterra, considerado o "roubo do século", completa nesta quinta-feira (8) seu 50º aniversário com a lembrança da complexidade do método utilizado pelos ladrões, que cometeram um crime "quase" perfeito.
A precisão milimétrica e a preparação cuidadosa foram os
ingredientes para que 17 criminosos - 15 ladrões e dois informantes - entrassem
para a história na madrugada do dia 8 de agosto de 19 63 ao interceptar e roubar o
conteúdo de um dos trens mais famosos do Reino Unido, que levava depósitos
bancários da Escócia para Londres.
O alvo era o trem que saiu de Glasgow e transportava 126
sacos cheios de dinheiro dos bancos situados entre Londres e a capital
escocesa, que viajava durante a noite e cujo conteúdo era conhecido por poucas
pessoas.
Embaixo de uma das pontes que o trem atravessaria naquela
noite estava o bando de Ronald Biggs e Bruce Reynolds: 15 ladrões escolhidos
por suas habilidades especiais que não precisariam mais trabalhar pelo resto de
suas vidas, caso a operação ocorresse conforme os planos.
Por volta das 3h15 ,
o trem, que estava a apenas 65 quilômetros de Londres, parou
inesperadamente sob a ponte Bridego, no condado inglês de Buckinghamshire.
Era o primeiro triunfo do plano idealizado por Reynolds, que
com uma bateria portátil mudou as luzes do semáforo e forçou a locomotiva a
parar após ter confirmado na meia-noite,
graças a um informante em Glasgow, que o trem levava todos os malotes de
dinheiro dos bancos.
Tinha que ser essa, entre todas as noites, a escolhida para
o golpe, já que as entidades tinham fechado seu exercício três dias antes e,
após esvaziarem seus cofres, enviaram o dinheiro a Londres para deixá-lo bem
guardado.
A bordo do trem estavam o maquinista, Jack Mills, e seu
ajudante, que desceu para descobrir porque o trem tinha parado e deu de cara
com os ladrões disfarçados de soldados, que o amarraram sem dizer uma palavra e
subiram no comboio.
Mills resistiu e foi golpeado na cabeça com uma barra de
metal; essa foi a única ação violenta da operação, que concluiu em poucos
minutos com o roubo de 118 dos 126 sacos de dinheiro, que desapareceram no
interior de duas caminhonetes e um caminhão.
Tudo saiu de acordo com um plano que demorou vários anos
para tomar forma na mente de Reynolds, que soube da existência do trem pagador
em uma conversa na cadeia em 1960.
Reynolds acreditou no início que o assalto era impossível,
mas, em um reencontro inesperado em Londres com seu antigo companheiro Biggs,
três anos depois, deu asas ao projeto e a reunião dos sócios para bolar o golpe
aconteceu em poucas semanas.
Porém, houve um elemento com o qual o bando não contava: um
tabuleiro do jogo "Monopoly". Os ladrões jogaram para relaxar poucas
horas após o roubo e no tabuleiro estavam suas impressões digitais, que a
polícia utilizou para identificá-los.
Os ladrões tentaram fugir, mas só os líderes conseguiram:
Reynolds, que após uma cirurgia plástica ficou foragido durante cinco anos no
México e no Canadá e Biggs, que viveu no Brasil durante 31 anos, após sua fuga
da prisão em 1965 até sua captura em 2001, quando voltou voluntariamente ao
Reino Unido.
Biggs teve um filho com uma dançarina chamada Raimunda de
Castro, Michael Biggs, que ficou famoso no Brasil após integrar o grupo musical
infantil Turma do Balão Mágico. Graças ao filho, Biggs foi impedido de ser
extraditado do país, pois a legislação determina que qualquer estrangeiro que
tiver um filho com um brasileiro não pode ser extraditado.
Eles são os nomes da lenda, reverenciados por aqueles que
sonham com o crime perfeito e lembram que do assalto milionário (avaliado hoje
em 47,5 milhões de euros) só foi recuperada uma pequena parte.
Biggs, que a seus 83 anos está em prisão domiciliar,
coordenou a ação de seus parceiros; Reynolds, que morreu há poucos meses,
elaborou o plano; John Weather, com sua cara de bom moço, encontrou refúgio sem
levantar suspeitas; Roger Cordrey avisou sobre a chegada do trem, entre outros
que completaram o bando que inspirou vários filmes.
'Buster - Procura-se um Ladrão' (1988) foi assessorado pelo
próprio Reynolds e é o filme mais fiel. Outro longa metragem, 'Onze Homens e um
Segredo' (2001), conta a história de um bando que realizou um roubo que parecia
impossível, não na Inglaterra, mas nos cassinos de Las Vegas, com George
Clooney e Brad Pitt como protagonistas.
Da EFE
www.g1.globo.com
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